Caminho Verde Brasil: agricultura de baixo carbono como motor de competitividade

Por Eduardo Bastos
CEO do Instituto Equilíbrio

O Programa Caminho Verde Brasil, lançado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária em abril, tem como objetivo recuperar 40 milhões de hectares de áreas degradadas por meio da agricultura regenerativa ao longo dos próximos dez anos. A iniciativa abarca as atualizações e avanços sobre as bases do Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestais Sustentáveis (PNCPD), criado em 2023 por meio do Decreto nº 11.815.

O financiamento do Caminho Verde Brasil envolve diversas parcerias estratégicas entre o governo, instituições financeiras e representantes do setor agropecuário. Um dos principais mecanismos de captação de recursos é o Eco Invest, programa estatal de financiamento voltado à recuperação de terras degradadas. O segundo leilão do Eco Invest, anunciado recentemente, tem como meta arrecadar R$ 10 bilhões para restaurar 1 milhão de hectares nos biomas da Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pampa e Pantanal. O programa conta com apoio de bancos públicos e privados, que estão estruturando linhas de crédito voltadas à agricultura regenerativa.

O governo brasileiro também está buscando investimentos internacionais, especialmente de fundos voltados à mitigação climática e ao desenvolvimento sustentável. A ação dialoga diretamente com o Plano Clima e a meta de desmatamento zero até 2030, o que pode atrair recursos de organismos multilaterais. Essas parcerias têm um impacto significativo para o agronegócio, possibilitando transformação e desenvolvimento na produção rural. Com a recuperação de áreas degradadas, é possível aumentar a produtividade sem a necessidade de expansão da fronteira agrícola, reduzindo a pressão por desmatamento. Além disso, o programa fortalece a possibilidade de ampliar fontes de renda para o setor ao oferecer acesso a novos financiamentos e incentivos para boas práticas agrícolas.

Outro impacto relevante é a competitividade internacional. A crescente demanda global por produtos agrícolas de baixo carbono está crescendo rapidamente. Grandes corporações do setor agroalimentar, como estão investindo fortemente na transição para práticas regenerativas, visando reduzir emissões de carbono e melhorar a saúde do solo. Segundo a pesquisa “Regenerative Agriculture Market” (Mercado da Agricultura Regenerativa), produzida pelo escritório de business intelligence Evolve, da Índia, o mercado mundial desse setor já ultrapassa US$ 10 bilhões e tem previsão de crescimento médio anual de 16% até 2033. O Brasil pode se posicionar como um líder em práticas agrícolas e políticas públicas inovadoras, atraindo investimentos e ampliando mercados para exportação.

A recuperação de áreas degradadas é uma das alavancas mais concretas e escaláveis para impulsionar uma agricultura de baixo carbono no Brasil. O Instituto Equilíbrio reconhece o potencial transformador de programas como o Caminho Verde Brasil e defende o aprimoramento contínuo dessas políticas por meio de diálogo técnico, apartidário e baseado em evidências. Ao construir soluções que conciliem produtividade, sustentabilidade e inclusão, o Brasil pode liderar uma nova fase de crescimento agrícola que respeita seus biomas, fortalece a segurança alimentar e amplia o acesso a mercados globais mais exigentes e conscientes.

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